De 18 a 26 de Novembro assinala-se a Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que promove o prolongamento da vida de objectos que de outra forma iriam parar ao lixo, através da reutilização.
Nos últimos anos, tenho me esforçado por diminuir a minha pegada ambiental, reduzido o que consumo e o que desperdiço. Uma das coisas que tenho tentado fazer é comprar usado, sempre que possível e remendar e reparar tudo que ainda possa ter vida útil.
Sinceramente, foi muito mais difícil explicar à minha mãe porque estava a remendar um pijama, cuja manga encolheu, que executar a tarefa.
Mas vale a pena? É tão barato?
Para mim, os custos são muito elevados: no bolso e na consciência (os custos ambientais do tecido, as fábricas que são uma forma de escravatura).
Por isso, deixem-me com o meu remendinho. Cá entre nós, até acho que ficou giro.
Depois de encontrar uma cadeira deixada junto a um contentor de reciclagem, decidi fazer-lhe uma pequena capa para lhe encontrar um novo dono. Já foi adoptada.
Melhor que a reciclagem é a reutilização.
Depois do elástico das minhas sapatilhas de caminhadas terem rebentado, decidi comprar elástico para as poder continuar a utilizar. Não estão muito bonitas, mas a função delas não é decorar.
A remendar para poupar e não desperdiçar.
Remendos de costura, para familiares e amigas: 2 camisolas, 1 carteira, 1 saia.
Os dois últimos livros que li, e que tinha conseguido na plataforma WinkingBooks, já foram devolvidos à mesma. Aliás, já foram destralhados e seguem (via CTT) para novas casas.
Aproveitei que tinha tinta de tecido para reparar umas sapatilhas que utilizo para andar por casa e que recentemente destruí com lixívia.
Comprei uma camisola para dormir, numa loja solidária da Remar. Como nova, mesmo depois de ignorar as instruções de lavagem ;)
A manhã foi para remendar alguns peças de vestuário e roupa de casa. Entre os remendos, estava uma luva de forno que tinha um buraco.
Certamente que haverá quem se pergunte: Não era preferível comprar uma nova por €1.00 ou menos? Achas que vale a pena estar com esse trabalho?
Porque prefiro remendar:
1. O custo da reparação foi zero: tenho bastantes pedaços de tecido e linhas.
2. Costurar à mão relaxa-me, é algo que gosto bastante de fazer.
3. Eu valorizo €1.00; com essa quantia posso comprar um doce, uma maluquice para as minhas sobrinhas, um livro usado, uma carteira de cromos, um qualquer material para os crafts...
4. Eu sinto-me muito responsável pelos custos humanos da roupa barata - há quem vive como escravos para que essa luva que custa €1.00 chegue até nós com esse preço; comprar, é alimentar esse mercado de seres humanos;
5. Eu temo os custos ambientais do consumo descartável que fazemos.
Por isso, remendar uma luva de forno, faz-me sentir melhor, em variadíssimos níveis.
Hoje, pela primeira vez, apercebi-me que tinha 3 luvas de forno. Destralhei uma delas.
Eu não sou minimalista. Eu gosto dos meus livros nas prateleiras... muitos. Aqui, sentada no sofá, gosto de olhar para eles, tê-los aqui comigo. Talvez a minha postura tenha mais a ver com o neo-frugalismo. Tenho pensado nisso, a propósito de uma conversa que tive. Este fim de semana, enquanto via a minha mãe destralhar, outra familiar a referir que iria fazê-lo, a ver objectos a passarem de umas casas para outras, do inútil para o útil, optei por não pensar mais no assunto.
Sabem o que me aconteceu frequentemente? Andar pela casa à procura do leitor de MP3 e descobri-lo sempre no lugar que escolhi para ser o seu lugar. Ou seja, antes de pensar, o hábito leva-me a todos os locais onde (antes) o deixava. Surreal.
Este fim de semana foi ocupado com outras coisas. Remendos. Não têm um canto no armário em que colocam aquela peça que está sem um botão? Que precisa de um ponto? Eu tinha 2 carteiras (forro), uma camisola interior (das que precisavam de etiqueta), ...
Por isso, decidi pegar no kit de costura e tratar destas peças. Foi o meu projecto de fim de semana.