Sonhar com os pés assentes nos pés
Foto por chuttersnap ( Unsplash )
Ontem estava a ler um romance e uma frase destacou-se, pelo contraste com o discurso dominante com que somos bombardeados/as, segundo o qual devemos tentar seguir os nossos sonhos, deixar o emprego e arriscar.
Não sei quanto a vós, mas quando leio estas mensagens, mais vezes me sinto derrotada que inspirada. É a o discurso dominante também é: não arriscas porque tens medo, porque não te empenhas, porque não és suficientemente bom/boa.
Para sua surpresa, também descobriu que era possível ser-se bom naquilo em que se tinha pouco interesse, tal como tinha sido possível ser-se mau em alguma coisa, fosse ela pintura ou poesia, pela qual a pessoa se interessasse muito.
E se, a nossa melhor versão é a de executar, da melhor forma possível, o trabalho que nos paga as contas, deixando as paixões para os momentos de lazer?
E se, sacrificarmo-nos pelos outros, mantendo uma profissão banal mas estável é a nossa melhor versão? Já repararam que a generalidade dos processos de desenvolvimento pessoal raramente abordam como nos damos aos outros / as nossas responsabilidades para com os outros?
E finalmente, será que as nossas paixões, depois de monetizadas, continuarão a fazer-nos felizes?