A doença do ter muito para fazer
Nos últimos dias, tenho reflectido sobre isso. É que depois de me remover do Facebook e de algumas publicações nos blogs, acabo por ficar com muito tempo livre. E a verdade é que, com o sentimento de alívio pela diminuição do stress, não veio um sentimento de felicidade e o preenchimento desse tempo com tarefas idealizadas.
Na verdade, na última semana tenho-me sentido algo perdida - o que faço agora? - e culpada - eu não deveria estar a fazer algo?
Abrandar, resistir à tentação de me manter sistematicamente ocupada (busy, busy, busy), está a ser muito mais difícil do que imaginava.
Voltei a andar a pé. No final da tarde dou às sapatilhas e vou caminhar até à praia.
Um episódio curioso.
Fui fazer uma caminhada, junto à praia, mas estava com os pés quentes e desconfortável.
Levei um livro comigo e sentei-me a ler, sentada num muro, de frente para um pôr-do-sol a anunciar-se. Às tantas olho para a minha esquerda e vejo um jovem sentado a ver o mesmo pôr-do-sol, mas descalço.
Tirar os sapatilhas. Não tinha ocorrido o óbvio. Tirei as sapatilhas.
Este episódio diz muito de como utilizo o espaço público. Raramente o vejo como meu, como um local que posso usufruir livremente.
Não sei se é a minha natureza ermita ou um formalismo bacoco, mas é algo que quero mudar.