As motivações
A minha mãe, nas suas incursões pela minha casa pergunta-me muitas vezes se não tenho vergonha.
Não tenho.
Ou melhor, teria se as visitas da casa fossem das que olham para o que está fora do lugar. Não são. Na minha casa só entram verdadeiras amigas. Essa não olham para o que está desarrumado, mas para o potencial da desarrumação.
Se os cachecóis, malas e colares estão espalhados pelos cantos da casa é porque as miúdas estão a brincar com eles. Nunca me preocupo com o que possa acontecer às coisas. Se as estragarem serão castigadas, mas apenas pelo princípio da coisa. Na verdade, é tudo substituível e não sou de ficar chateada.
Todavia, ultimamente tenho sentido que tudo está mais desarrumado que o habitual. Cada vez mais secções e mais objectos e maior dificuldade em geri-los. Chegou a um ponto que não usufruo os diferentes pertences porque está tudo a monte. Demoro imenso tempo a encontrar pequenas coisas. Compro objectos em duplicado porque não encontro o que tenho ou me esqueço que já o tinha.
Sinto que este é o momento de destralhar.
Menos objectos. Objectos com utilidade. Objectos com múltipla utilidade. Organização visual dos espaços. Simplificação.