Não são despejados em lojas solidárias ou em contentores do lixo. Isso é importante para mim, que comecei por querer esvaziar a casa, mas agora sinto-me muito responsável pelas coisas que adquiri.
Essa responsabilidade vem do impacto ambiental que lhes reconheço. Não consigo continuar a responsabilizar outros pelo que consumi.
Encontro-me a tentar encontrar um balanço, entre o desejo de libertar espaço e a responsabilidade de valorizar os custos ambientais desse objecto.
Entretanto, estou atrasada em 4 objectos. Hoje tenho de fazer recuperação.
Há algum tempo, ouvia o podcast Before Breakfast da autora Laura Vanderkam, em que era referido que um casal aproveitava pequenos blocos de tempo, durante a semana, para tarefas chatas (por exemplo, ir à mercearia), de modo a libertar o fim de semana para o lazer.
Ora, quando fui confrontada com uma nova rotina matinal - por força de circunstâncias diversas - foi isso que decidi fazer.
Inicialmente, chegava a casa da minha mãe, por volta das 8h00/8h30 e tinha um bloco de tempo de 01h00-01h30 à espera que ela acordasse, para a ajudar a ir à casa de banho e a vestir.
Ocupava o meu tempo com leituras, escritas no planner... mas sempre com uma sensação de tempo desperdiçado. Não queria andar com materiais de bricolagem, nem computador e não conseguia o silêncio ou o espaço mental para ler livros.
Curiosamente, quando a empregada de limpeza pontual, deixou de ir lá a casa, para passar a ferro e fazer limpezas extra (as limpezas semanais são feitas por mim), tudo se encaixou.
Enquanto aguardo a minha mãe acordar, faço pequenas arrumações, limpezas e passo a ferro.
É incrível o que consigo fazer em pequenos blocos de tempo.
Passar a ferro
Eu odeio passar a ferro. Mas tem sido muito satisfatório ver que consigo manter o cesto da roupa vazio, apenas com 30 minutos de vez em quando. Esse é o truque: não deixar acumular.
Limpar o pó
A casa da minha mãe é uma cacofonia de tralhas espalhadas pelos móveis.
Para limpar o pó em casa da minha mãe, preciso de 1h00-1h30. Sem brincadeira. Eu cronometrei.
Agora, sem a empregada (que raramente limpava), sobrou para o mexilhão. Ou melhor... para a mexilhoa.
E é aí que entram os blocos da manhã. Num pequeno bloco de tempo, eu consigo limpar um ou mais móveis e manter a casa limpa.
Extras
Há outros pequenos extras que consigo limpar (sem fazer barulho) nos blocos de tempo da manhã, como por exemplo limpar o interior de uma janela e respectivas calhas.
Se calcular 7 blocos de 1h00, estamos a falar de 7 horas que libertei do fim de semana. E aos poucos, não custa tanto.
As tarefas teriam de ser feitas e eu passaria o sábado a limpar a casa da minha mãe, o domingo a limpar a minha e a passar a ferro.
Assim, consigo fazer tudo num dia (lavar e secar roupas, incluído) e ter o domingo completamente livre para descanso.
Esta nova rotina matinal é um sucesso.
Já agora, mesmo assim sobra sempre um bocadinho de tempo para dedicar à agenda.
As redes sociais estão deliciadas e intrigadas com o facto de terem "apanhado" um atleta multimilionário com um iPod Shuffle, que basicamente é um leitor de mp3 muito simples, sem wi-fi ou outros assobios.
O iPod Shuffle é um modelo da Apple que foi descontinuado há 10 anos e que pode ser encontrado no Ebay por cerca de €20 (embora algo me diga que os preços irão subir, com a publicidade extra).
Então porque é que um multimilionário optaria por um gadget antigo e com menos funcionalidades das que a tecnologia (e o bolso) lhe permitem?
Eu suspeito que dois factores importantes: segurança (sem wifi não há acesso de hackers) e ausência de distracções.
Em vez de tentar evitar os dois problemas, ele eliminou-os por completo, removendo as distrações digitais associadas ao uso de um smartphone.
Associamos muitas vezes as novas tecnologias a melhoramentos e aumento de produtividade.
Porém, é perfeitamente possível que a resolução dos nossos problemas de produtividade e distração esteja em adoptar soluções low tech.
Não sou anti-digital, muito pelo contrário, apenas reconheço que tenho necessidades que não são respondidas nesse espaço.
Quer dizer, implementar uma rotina que passa por me levantar às 7h00, para acabar a ocupar o meu tempo em testes sobre espíritos animais?
Primeiro é parvo, segundo é uma apropriação pop da cultura dos nativos norte americanos.
Tenho sacrificado demasiado do meu tempo com lazer de baixa qualidade na internet. E com baixa qualidade, eu quero dizer andar a saltitar de página em página, de vídeo em vídeo, num ciclo que chega a durar horas.
Porque acredito em pequenos passos, para começar a mudar os meus hábitos, no que respeita ao lazer no computador, implementei duas estratégias:
Ferramentas
Instalei um bloqueador de páginas no meu browser de internet.
Há páginas que bloqueei, excepto ao fim-de-semana, mas apenas 5 minutos por dia.
O YouTube, por exemplo, está bloqueado aos dias da semana, das 00h00 às 17h00. A partir dessa hora, tenho apenas 20 minutos por dia. Já no fim de semana, posso ver 2 horas por dia.
Mudar o ambiente
Virei a minha secretária para a janela. Adoro tê-la aí, mas com o sol, é horrível para trabalhar no computador.
Porém, como quero dificultar essa utilização, especialmente durante o dia (em casa) é a solução perfeita.
Desta forma, crio obstáculos aos maus hábitos, para me ajudar na implementação de bons hábitos relacionados com a utilização do meu tempo e na qualidade do meu lazer.
Objectivo: Família, relações, emoções > Gestão de Tempo + Divertimento > Elevar o tempo de lazer
Acção: diminuir o tempo de acesso a determinadas páginas de internet
Isto ia ser um post muito sério sobre a acumulação de hábitos, até que me deparei com uma acumulação de metáforas sobre a vida, utilizando pneus e agora estou divertidíssima a coleccioná-las.
E nem vou incluir as que utilizam a roda. :)
A má atitude é como um pneu furado, nunca irás a lado nenhum, se não a mudares.
Os amigos são como os pneus de um carro, seus sonhos andam atrás dos seus amigos. Tamanhos errados fazem o carro tremer, pneus furados deixam-no preso e pode acabar em acidentes fatais.
Os pneus são como os amigos, escolham-nos sensatamente.
A vida é como os pneus de uma bicicleta, se tiveres equilíbrio, vences.
E finalmente, a que originou todo este pequeno divertimento:
A felicidade é como um pneu, depois de cheio, vai esvaziando com a utilização e é necessária uma contínua manutenção.