Ontem, além de pendurar o quadro, comecei a cortar uma fita para emendar uma saia de criança.
Hoje, costurei a fita na saia.
Despendi pouquíssimo tempo para concretizar ambas as tarefas. Cerca de 30 minutos no total. Não estava na lista porque só me chegou às mãos neste fim de semana.
Nunca substimem o poder de dividir uma tarefa em pequenos passos.
Nos últimos anos, à medida que a minha relação com o "destralhar" progredia, comecei a tomar consciência da minha relação com o vestuário.
Sempre foi uma relação amor-ódio. Queria vestir-me "bem" mas detestava tudo que isso implicava: compras, gastar dinheiro, arrumar, passar a ferro, escolher o que vestir.
Porque não gostava de roupa, também acabava por descartá-la sem consideração de maior sobre os custos para mim, para os outros ou para o ambiente.
- não me visto por prazer, mas por obrigação social ou conforto
- não vejo a roupa como forma de expressão individual, mas apenas pela sua função utilitária
- não me importo de andar sempre com o mesmo tipo de roupa
- não me importo de remendar peças de roupa
- continuo a detestar arrumar roupa ou passá-la a ferro
Tudo isto a propósito de um buraco que encontrei numa camisola, debaixo do braço. Há quatro anos a camisola teria ido para o lixo, mas hoje vai ser remendada.
E o pijama cujas mangas mingaram? Vai levar uma "extensão feita com restos de malha polar.
Um mês para pendurar um quadro de cortiça - porque tinha de ir buscar o martelo ao barraco das ferramentas - e descubro que bastava um nó para o colocar no sítio.
No fundo, uma excelente metáfora para o destralhar e a procrastinação.
E vós perguntais: e então menina, o que fizeste nos últimos 10 dias?
E eu respondo: nada! Absolutamente nada!
Sinto-me frustrada com a minha inação que, diga-se de passagem, se tem extendido a outros campos da minha vida e me deixa francamente infeliz.
Não posso dizer, sequer, que a minha falta de concretização se deve porque fiz outras coisas, estive com pessoas ou que não fiz algo de forma intencional.
A realidade e que não fiz nada, não estive com as miúdas ou com amigas no último mês. Li pouco e voltei à fase de passar horas na internet a ver vídeos sobre uma vida mais simples e mais livre.
Decidi obrigar-me a sair desta fase de desapontamento e frustração, utilizando para isso a minha lista de afazeres para Abril que, é claramente um excesso de expectativa.
Antes de mais, liguei o alarme do computador para me lembrar do apagão digital às 21h00. Depois, voltei a levantar-me às 6h30.
O meu objectivo é alocar um mínimo de 3 dias x 1 hora, por semana para a realização dessas tarefas.
Há tarefas que não é possível concluir numa hora, mas se me dedicar pelo menos 1 hora a elas, sei que essas pequenas actividades preparatórias levarão à conclusão do que tenho a fazer.
Fazer 3 x 1 hora é diferente de fazer 3 horas por semana, pois mantenho-me motivada para ir fazendo um pouco por dia, tirando-me de outras actividades vazias (a.k.a. internet).
Tarefa do dia - Imprimir a lista, afixando-a num quadro de cortiça que está no meu escritório há dois meses, à espera que eu martele um prego (em madeira) para o pendurar.
O meu Março está cheio de nadas. Quase toda a minha lista de objectivos para Março foi hoje passada a limpo na página de objectivos para Abril.
E querem saber mais? Essa lista já vinha de Fevereiro.
Assim, Abril vai ter como objectivo cumprir os meus objectivos/tarefas... aquelas coisas que não sendo urgentes, acabam por ir sendo adiadas eternamente.