Eu vivo (vivia) uma vida de excessos: dois televisores para uma pessoa, um sistema home cinema com leitor de DVD e ainda um leitor e gravador de DVD. Curiosamente, dos 4 aparelhos, eu apenas comprei um.
Por vezes não nos apercebemos desses excessos porque vamos arranjando as justificações: ao primeiro televisor seguiu-se o segundo para o quarto "porque no inverno está frio e assim podes ir para a cama e só ligar um aquecedor"; o leitor/gravador de DVD para converter as cassetes VHS, o home cinema "porque adoras cinema". São coisas que surgem em anos; se fosse à loja, nunca iria comprar 2 TV + 2 leitores DVD... vai-se acumulando.
Agora que abandonei a TV paga e descobri que passo semanas sem ligar o televisor, não encontro qualquer justificação para comprar dois aparelhos para adaptar os televisores à TDT.
Decidi doar um televisor (o mais volumoso) e o leitor de DVD com sistema home cinema porque a casa é demasiado pequena para o justificar e porque prefiro ter a função gravador para aqueles filmes que passam em horários impróprios.
Doar foi fácil. Decidi não complicar e simplesmente enviei um email com uma descrição pormenorizada dos aparelhos para uma instituição social perto de minha casa. A resposta veio no dia seguinte. Ando a descomplicar: doei um candeeiro de pé à minha entidade patronal. Porque não?
Pouco a pouco sinto que o espaço é cada vez mais meu e mais condizente com a vida que desejo ter. Estou cada vez menos desapegada ao "porque custou dinheiro" e isso deixa-me muito feliz.
A obras continuam e eu continuo a passar pelo amontoar de coisas que é o conteúdo de 2 divisões. Realmente tem-me feito pensar bastante sobre a utilidade de alguns objectos e até como substituí-los por versões mais funcionais e que ocupem menos espaço.
Na minha pesquisa encontrei um organizador de pratos que despoletou algumas reflexões, precisamente sobre como organizo o espaço, mas a um nível muito elementar.
Eu recordo-me de antigos louceiros em que a organização dos pratos era vertical. Porém, geralmente pouco funcionais dado que tinham um separador por prato. Ao empilhar os pratos todos na posição horizontal, tirar um prato pode ser uma tarefa múltipla: tirar os de cima (ou segurá-los) e puxar o de baixo (frequentemente riscando pratos). Colocá-los depois de lavados, implica o mesmo conjunto de tarefas.
Colocá-los verticalmente, parece-me ser a solução mais natural.
A Janet Lee tem um pequeno apartamento em que utilizou estatégias muito engenhosas para maximizar cada bocadinho de espaço. Ainda, o facto de ser uma inquilina e não a proprietária do imóvel levou-a a optar por soluções facilmente amovíveis.
Um exemplo fantástico é a sua solução para um candeeiro de pé... que não tem pé. Genial.
Apesar da confusão de ter obras em casa, estou a aproveitar para tomar algumas decisões importantes:
- decidi doar uma cómoda que estava no interior do roupeiro já que praticamente só servia para roupa de dormir e acessórios como cintos, cachecóis e echarpes;
- decidi eliminar uma sapateira alta e passar os sapatos para dentro do roupeiro.
Decidi também eliminar cortinados (na sala de costura e cozinha) substituindo-os por uma película com efeito fosco que impede a visibilidade da rua (estou num rés-do-chão) mas que permite bastante luz. Mais, tenho a película apenas até metade da janela o que maximiza a luz que entra nas divisões.