Um dos meus problemas é acumular demasiados materiais de manualidades, sempre com a intenção de grandes projectos, mas com pouca execução. Em especial no inverno, é muito difícil fazer seja o que for porque a sala/escritório onde estão os materiais é muito fria e impossível de aquecer pois não tem porta que a separe do corredor.
Como é pouco exequível (e muito chato) andar sempre a levar os materiais e voltar a arrumá-los, quase se pode dizer que hiberno a minha faceta bricoleira.
E os materiais vão-se acumulando. Por exemplo, esta semana aproveitei para comprar 2 tshirts básicas de criança para decorar em promoção). A estas juntaram-se 4 que não decorei no ano passado.
Assim, decidi tomar o pulso dos projectos agrupando os materiais necessários para cada um, num saco (com zip lock) ou bolsa (mica). Assim, posso levar o saco para a sala (aquecida) e trabalhar nesse projecto, ou componente de projecto.
Improvisei uma caixa com material e caixa de lixo (um problema quando se recorta feltro) que posso transportar com facilidade pela casa. Como poderão constatar, materiais reutilizados, sem embelezamentos.
Para cada projecto ou componente de projecto, o template e o feltro a utilizar. No total, 14.
Apenas a caixa de materiais e um dos sacos é que será levado para outra divisão. Uma boa ideia para quem deseja rentabilizar alguns momentos livres frente à TV. Os restantes sacos ficam numa prateira a aguardar pela sua vez.
E acreditem quando vos digo que, muitos destes projectos demoraram mais a ser escolhidos que os 10-20 minutos que demoram a ser executados.
A Margarida disse: é um desafio constante. E eu concordo plenamente. Até que uma rotina se instale é um desafio constante para manter-mos a motivação. Mais, há sempre algo que não conseguimos destralhar num primeiro momento e que, algum tempo depois, se evidencia ainda mais a sua inutilidade.
Ontem, decidi voltar a pegar nas revistas de culinária. De entre as revistas destralhadas, havia deixado algumas para análise posterior, nomeadamente aquelas em que identificasse pelo menos 3 receitas que desejasse manter. Claro está que após diversos meses, continuei sem abrir as revistas, quanto mais experimentar as receitas.
Por isso, ontem decidi destralhar diversas revistas - cerca de 20. E como prémio, ainda descobri entre elas 2 revistas da DecoProteste e 2 revistas de decoração. Não faço ideia de como foram lá parar.
Instalei-me no sofá, enquanto ouvia música e os noticiários, com uma tesoura, um saco para o papel a reciclar e um monte de revistas.
Ao conjunto, aditei uma capa que ficou vazio, 3 livros de culinária que nunca foram usados e alguns itens que descobri escondidos num armário:
Ao 26º dia de recolher e arrumar, concluo que o mesmo está a ser um sucesso pessoal. Porém, do ponto de vista do blog, um verdadeiro desastre. Que dizer quando não há nada para dizer, excepto... "tudo vai destralhado na costa"? (façam o favor de entoar a frase como se tivessem a dizer "mar à vista" ao estilo do Capitão Iglo).
Há dias, reflectia sobre os perigos de ter sido tão fácil, como seria depois de encerrar o desafio e não temer as malvadas fotos de fim de dia. Mas hoje fez-se luz.
O acto de destralhar as superfícies da casa, deixando-as desimpedidas dos habituais objectos, não é algo que eu tenha conseguido mudar em 15 dias. Ainda hoje, senti o primeiro impulso de "deixar estar" para o corrigir com um "arrumar". Tem sido assim por diversas vezes, durante estes dias. A auto-correcção está sempre presente.
O que descobri?
1. Que este desafio não começou no dia 01/03/2013, mas há mais de 1 ano, quando comecei a mudar as coisas em casa e na minha forma de estar na vida.
2. Que o efeito bola de neve, existe: paralelamente com o recolher/arrumar, passei a dobrar sempre a manta do sofá e a arrumar as almofadas, passei a arrumar melhor a cozinha...
3. Que pouco a pouco (e não me canso de reforçar este "pouco a pouco") as mudanças vão evidenciando-se pela casa, pelo tempo disponível e pela tranquilidade de não ver objectos "a monte".
Há coincidências extraordinárias. Hoje em diversas trocas de impressão com a Ocupadíssima, dizia-lhe que para mim, o ponto de viragem (nestas coisas de destralhar e noutras) foi o projecto de destralhar 3 objectos por dia e foi precisamente porque:
- me concentrei apenas nessa actividade diária;
- comecei apenas por 3 objectos diários (em vez de uma divisão, por exemplo);
- estabeleci uma rotina diária;
- comprometi-me com as/os leitores do blog;
- responsabilizei-me perante as/os mesmas/os a publicar os resultados diariamente;
- vi a vergonha de falhar publicamente como a minha consequência maior.
No final do dia, leio um texto com os 7 pontos acima indicados, como se fosse escrito para concluir o dia. E hoje gozo os frutos do meu labor. Por isso e pelo facto de ter estado pouco tempo em casa na última semana, não tenho fotos adicionais para o desafiorecolher/arrumar que hoje tem o seu 20º dia. E essa é a verdade.
Durante o dia as coisas vão sendo arrumadas no seu local e no final do dia não há nada nas superfícies.
Continuam as mesmas duas superfícies a precisar de tratamento: secretária do escritório e mesa da cozinha. Mas essas duas (e mantendo-me fiel ao ponto 1, serão alvo de intervenção própria).
Em dois dias, apenas descobri um objecto fora da sua casinha... E só o descobri na manhã seguinte... deve ter fugido pela calada da noite, safadolas.
Ontem à noite, senti que realmente havia instituído, mas que uma rotina, um comportamento. As sacas e os seus conteúdos foram prontamente arrumados. A roupa lavada imediatamente colocada nos armários ou gavetas.
Estou a gostar da experiência e recomendo, mas agora que quase nunca tenho nada para recolher/arrumar, começo a sentir que há muito que estou a adiar a tarefa de destralhar.
Destralhar - uma dentada de cada vez
Com efeito, é meu objectivo destralhar o que está em excesso para não ter de me preocupar com ele quando chegar o tempo das tarefas de manutenção da casa.
Ou seja, o objectivo geral: destralhar a casa. O problema com os objectivos com "o" grande é que são demasiado genéricos e são tão "grandes" que acabam por ser impossíveis de atingir de forma igualmente genérica. É a velha máxima: como se come um elefante? Com uma dentada de cada vez.
A casa tem 5 divisões, uma delas a casa de banho que não já foi alvo de intervenção. Sobram 4: 1 cozinha, 1 sala, 1 escritório e 1 quarto de dormir. O escritório e a cozinha são o meu calcanhar de Aquiles. Por isso, escolher uma delas seria condenar-me ao fracasso, embora sejam os espaços que mais ansiedade me causam.
Porém, decidi enveredar por uma estratégia diferente:
- Escritório e cozinha continuam como pequenos projectos (uma prateleira de cada vez)
- Quarto e sala serão alvo de uma master list (uma de cada vez).
O que é uma master list?
É o elefante partido em bocados que caibam na boca. Uma lista de tarefas para cada divisão. E cada tarefa tem a sua acção.
Exemplo: sala/estante de livros/prateleira 1
acção 1 - destralhar
acção 2 - colocar os livros destralhados à venda no Miau/WinkingBooks ou doação
acção 3 - separar os livros a destralhar dos restantes
Se pensarem bem nas acções, isto já é uma tarefa com algum trabalho. Há que tomar uma decisão quanto aos livros, fotografar os que serão para vender ou trocar, mudá-los de local para perceber o espaço.
Como não tenho onde colocar os livros enquanto os aloco para venda ou troca, coloco-os numa prateleira à parte, numa outra estante do escritório.