Estou sentada no mesmo sítio que ontem. A ver as mesmas notícias, infelizmente. A olhar para a mesma estante.
Não sei quando se inverteu a tendência, mas algures no tempo, comecei a ter mais livros e a ler com menos frequência. Por isso, tenho os livros que quero ler. Pelo meio, poucos que são livros que alguém achou que eu queria ler.
Há algum tempo, decidi não comprar mais livros e ler aqueles que efectivamente possuo. O que não estiverem nas minhas estantes, facilmente os encontrarei numa das duas bibliotecas locais a que tenho acesso. Nas mesmas, tenho disponíveis revistas e até filmes. E tudo já pago pelos nossos impostos.
Mas os livros prometem ser a separação mais emocional que terei. Mas hoje, foi uma escolha fácil e consegui destralhar 5 livros, 1 marcador de livros e 1 factura ainda guardada entre as páginas de um deles.
Neste momento, o meu objectivo é vender os livros de modo a conseguir rendimentos extra que sejam incorporados nas minhas poupanças.
Olho em volta para as minhas coisas. Vejo os noticiários com incêndios na Madeira e recordo-me do projecto theburninghouse. Se houvesse um incêndio e tivesse de abandonar a sua casa, que objectos levaria consigo?
Olho em volta e resigno-me. Não teria como levar os meus livros. Tudo o resto ficava. Estranho. Acumulamos as coisas, rangemos os dentes quando pensamos em nos desfazer delas e ainda assim, olhando em volta, na sala com as minhas coisas preferidas, tenho a consciência que a perda seria relativa. Com a excepção de meia dúzia de fotos, nada de insubstituível. E mesmo o insubstituível não seria particularmente dramático.
Hoje, a resolução de destralhar redobra-se. Menos coisas e mais experiências. Menos livros e mais leituras.
No 31º dia do desafio 3 por dia só posso ficar satisfeita. Primeiro por ter completado o desafio na sua integralidade (porque a constância é difícil) e depois pelo que concretizei. Com segurança, posso afirmar que foram mais que uma centena de objectos. Objectos que não precisava, que não eram utilizados ou projectos inacabados.
Hoje, não termino o desafio com o uma sensação de projecto acabado, mas como a primeira fase cumprida. Sinto-me como tendo passado um nível, o iniciados. Agora e até ao final do mês fico-me pelos iniciados. Mas uns iniciados superiores: quero destralhar 3 livros (tarefa MUITO difícil, sob o ponto de vista emocional.)
Mas chegadas as férias, entro nos intermédios e já tenho vários projectos.
Mas estou a adiantar-me. Apesar de apenas uma foto, destralhei os 3 objectos do costume. A minha primeira (e última) experiência de costurar uma bolsa - demasiado pequena, ficou de lado. Como já tem cerca de 1 ano, foi doada. Mais uma capa sem uso.
Finalmente, uma caixa que foi destralhada dando-lhe nova vida para guardar materiais de manualidades. Porque destralhar também é isto: tornar o inútil útil.
Em período pré-ferias o trabalho adquire uma outra urgência e claramente o destralhar fica para segundo plano. Ainda assim, ontem e hoje encontrei vários objectos:
Na primeira foto, objectos sem utilidade ou que estavam a servir de "arrumos" diversos. Na segunda foto, um porta-documentos para bebés que nunca foi entregue a quem era dirigido, um leitor de mp3 avariado que ia (há mais de meio ano) servir de pen e um bocado de tela que ia servir para qualquer coisa que nunca descobri o que seria.
E tralha a tralha a caixa das tralhas vai ficando novamente cheia.